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A mostrar mensagens de setembro, 2009
Agora que aqui chegaste, que pedes para ti? Apenas aquilo que fiz por merecer. E isso é? A recompensa pelo sacrifício, pela dádiva, pela escusa ao fácil e ao cómodo. E fizeste tudo isso para..? Para tua glória e proveito, claro. Para mais nada? Também, e sobretudo, para minha salvação. E foi isso que te danou. Danado, eu? Porque te esqueceste que o filho também é o pai; que o que abraça também castiga; porque todo o bem que fizeste foi em razão de um grande egoísmo. Estou então, danado. Sim, estás danado. Tem a certeza? Se tenho a certeza(?) que raio de pergunta é essa? Eis o destino do homem que se ajoelhou para tocar o céu. Que deu a vida por um deus e um tempo maior. Que trazia permanente, no gesto e no rosto, a glória dos dias vindouros. Há pois, aqui, uma profunda e derradeira mensagem para a vida. Ai daqueles que a descurem.

sem título

Amo este rio imensamente e não sei que fez ele para que o ame assim tanto. Quando o vejo, cruzando-o pela ponte, vindo do sul, ou pelo ar, vindo de longe, ele cintando as cidades, fico feliz e relaxado. Estou em casa. Acho que nada se faz para se ser amado. É-se e pronto, amam-nos. Caso contrário, fosse necessário labor para se ser amado, que fiz eu então para ter o teu amor? Tal como o rio, que estava ali para ser amado, também eu subia a rua que tu descias. Tal como o rio, não me apercebi, e segui. Só mais tarde te vi como se todo o rio tivesse o teu reflexo. Como se tu fosses o rio. Rio que seguirei o resto dos meus dias.

O fim das férias

Sinto o cheiro da terra nas narinas Passa a tua alma dos olhos vitrinas Do tempo que fomos felizes à chuva Quando nossa boca sabia a pão e uva Na piscina caem sem parar gotinhas Memórias que já não são as minhas Caídas do tempo antes do despertar São histórias perdidas e por contar A luz dourada que por ela se estende Chega à palmeira que quase não bebe Tanta prata ao alcançar da tua mão Ao preço saldado de uma constipação Há quem mergulhe mas não eu que sou Aquele que prostrado no cadeirão ficou Sonhando ter uma piscina para mim Enamorado das férias chegadas ao fim

Este é o tempo comprido

Não dei por ter nascido Darei pela minha morte? Terei já morrido sem saber Ou estarei ainda por nascer Por vezes vivo perdido Outras vivo de pulso forte Sem medo ou cuidado no porvir Vendo as horas dos dias a fugir Este é o tempo comprido Tempo de labor e de corte É o melhor que podemos ter Livre para beijar e aprender Passa um cão: Vai florido Cai o menino: Falta de sorte Hayden manda. Obedeço À felicidade dou grande apreço Durmo um sono comprido Sinto-me cheio de sorte Quero fugir para qualquer lugar Não importa onde se contigo ficar Misturam-se passado e futuro Num presente inacabado Ter nada é como ter tudo O estar feliz é alcançado

Lá vão

Lá vai o chorão Chorando não ter um tostão Lá vai o zangado Achando estar tudo errado Passa rápido o azedo Porque tudo lhe mete medo Segue-o o moralista Colocado no topo da sua lista Fisga o mal intensionado Com que é preciso ter-se cuidado Afirma o sempre certo Nem sonha que nem está perto Ronca o mal humorado Sem ninguém a seu lado Vejo o sem vista Aparentado com o Batista Vai de punho em riste De figura demasiado triste Atrás o esclarecido Para quem tudo está perdido Começa o gozão Que não vale um tostão Acaba o falso Que acabará descalço Corre o stressado Corre para nenhum lado Observa o inteligente Desdenhando de toda a gente Vai ali o descontente Não encara ninguém de frente Atrás o extremista Que deu em ser bombista Tapa-se o púdico De pensamento sempre fálico Berra o engraçado Que deixa todos entediado Olha lá o bondoso Come a perna e dá o osso Curva-se o servil Fala manso mas pensa vil Abraça-te o amigo Fode-te o cu a boca o úmbigo Presta-se o prestável Enganando de forma tão