11. Percorria a estrada com a cabeça de João Batista em cima da minha quando nos salta ao caminho um cão. Um diabo dum cão que nem era grande nem era pequeno e que ria à gargalhada. Não rosnou, ladrou ou ferrou, limitou-se a rir desabridamente enquanto apontava com a pata a cabeça do meu compagnon de route como quem escarnece e diz ser aquilo o mais ridículo que já viu na sua longa vida de seis ou sete anos. Por me deter, espantado com o duplo comportamento do animal, rir-se de nós, e por ser um cão que ri, ele aproveitou e sentou-se logo ao meu lado, desta feita como se sentam os cães e, enquanto amansava o riso, limpava as lágrimas com as patas e abanava negativamente o focinho. Era um cão rafeiro, de pelo baio muito curto, com as patas e a ponta da cauda brancas. Tinha as orelhas quebradas e caídas para a frente e olhos castanhos. O riso expunha lábios negros, assim como o dos leões. Mas sem os calafrios que felinos lábios causam a quem deles se avizinha, pelas razões óbvias, o cont