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A mostrar mensagens de setembro, 2011

Lições

11. Percorria a estrada com a cabeça de João Batista em cima da minha quando nos salta ao caminho um cão. Um diabo dum cão que nem era grande nem era pequeno e que ria à gargalhada. Não rosnou, ladrou ou ferrou, limitou-se a rir desabridamente enquanto apontava com a pata a cabeça do meu compagnon de route como quem escarnece e diz ser aquilo o mais ridículo que já viu na sua longa vida de seis ou sete anos. Por me deter, espantado com o duplo comportamento do animal, rir-se de nós, e por ser um cão que ri, ele aproveitou e sentou-se logo ao meu lado, desta feita como se sentam os cães e, enquanto amansava o riso, limpava as lágrimas com as patas e abanava negativamente o focinho. Era um cão rafeiro, de pelo baio muito curto, com as patas e a ponta da cauda brancas. Tinha as orelhas quebradas e caídas para a frente e olhos castanhos. O riso expunha lábios negros, assim como o dos leões. Mas sem os calafrios que felinos lábios causam a quem deles se avizinha, pelas razões óbvias, o cont

O que eu gosto de ver o mar

O que eu gosto de ficar a ver o mar Com as ondas a quebrar devagar Num infinito rodopio de carrossel Que nos leva o cabelo e arrepia a pele Está muito cheio este ar deste mar Do ruído das ondas infinitas a cavar Covas e peelings na areia que aguenta Com complacência e fugir não tenta Por vezes é Jah que espraia claridade De norte a sul espalhando felicidade Outras chega de Asgaard o encanto Que cobre a praia com cinzento manto São esses os dias de esplendor tão manso Onde o moço da cidade sonha seu descanso Rodeado de prédios velhos e sem história Aquece-o a praia que guarda na memória