" Quem não é capaz de ser pobre, não é capaz de ser livre ." (Vitor Hugo) " Estaremos dispostos a ser pobres para podermos ser livres? "
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Coração
– Que sente? – Nada. E na verdade, tudo. É uma sensação de desconforto tão ligeira que é como se todo o ar do mundo me caísse em cima. – Anseia? – Por nada especial. Por ser pai; por ser homem. As ânsias exigidas aos pais e aos homens, creio. Tão longe fico nesta dor, e tão só, como só os que se abeiram da morte ficam. Tão perto da condição última da vida me sinto que apenas me faz desejá-la. – Teme? – Deveria temer. Mas não consigo. Deveria ficar temente desta dor mas apenas adormeço nela. À medida que me embala, nos arremessos da sua intensidade, esquecido nesta sala dita asséptica, entre dor, cansaço e a um trabalho indiferente à dor e ao cansaço, encontro tempo e justificação para o ócio, o devaneio e o fluir livre do pensamento. O peito dói, os dentes doem. O homem sente a liberdade.
Fuck’in eden
Sonho descobrir um lugar que conheço há muito, muito tempo; Um sítio onde não tenho idade, porque tem piedade o tempo que a cada minuto arranca o fulgor da juventude encarcerada na mente enlevada, não importa o que aconteça, sem que se meça, ou se mande medir, os contornos dos actos e as suas sombras no porvir; Um lugar onde as magnólias estão sempre em flor, onde nunca está frio nem nunca está calor, onde, como um rio que corre para cima como o amor, não há dor nem louvor, somente o clamor da calma que pela alma vai desfiando um fluir soprando uma paz borbulhando; sento-me na relva; Numa clareira no meio da selva, verde refrigério do caminhante errante que se perde e ali se reencontra e lava a sua dor, come laranjas de sua cor, em laranjeiras bordando as franjas em redor, para lá da selva verde; Os gatos fisgam melros, saltam-lhes furtivos após rastejares esquivos, tirando as garras da doçura das patas fofas e eles fogem, não os gatos, os melros coitados, alam com estridor, fo
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