Havia um homem que corria a cidade de Bíblia na mão. Era velho, sujo, desgrenhado, irascível com os transeuntes, falava alto e de forma inconveniente, cheirava mal quando, no inverno, a chuva lhe ensopava o corpo e cheirava mal quando, no verão, o sol lhe sobreaquecia a ossatura. Ninguém o queria por perto, as crianças e as mulheres, as menos afoitas, fugiam dele; as mais rijas e os homens mais machos ofereciam-lhe porrada; os mais maricôncios mudavam de passeio ou alargavam o passo para o despistar; eu, adorava-o. Por causa dele e porque tinha o péssimo hábito de se embebedar pela maré do chá e apagar a um canto durante a noite toda, obrigou-me a algo, que não me matando, não me agrada nada e que é andar por aí durante o dia. Seguia-o discretamente para que não estranhasse ele, nem estranhassem outros que tamanho vagabundo fosse alvo de cerrada perseguição. Por várias vezes tentei falar com ele na rua, sob esta ou aquela forma, para que não percebesse, mas só levava com acenos de Bíbl