É o sopro do teu corpo quente Que sossega a minha alma doente É o teu olhar límpido que me diz Que afinal é bom ser feliz Que vontade de me perder No limbo da sedução Xutar indolência e beber Da vida com devassidão Que desejo de esquecer O humano que há em mim Cortar-me de quem me quer Partir numa fuga sem fim Esta imensa frustração De saber que o que ouço Só existe na imaginação Deixa-me exausto e louco Faz a vida saber a pouco Ouvir o que mais ninguém Ouve ou vê e mais só fico Com medo de contar a alguém Mas vêm as vozes e puxam E rasgam em mil pedaços Mas vens tu costureirinha E bordas os estilhaços Do coração que estava Partido do amor perdido Que longe se julgava Do teu abraço estendido Quero dar ouvidos Aos que me querem matar Quero abraçar os perdidos Que me farão descarrilar Quero deixar a vida Antes e nunca depois De haver a vida vivida E não me ter a dois Porque és tu e só tu Que de trilho faz avenida E levantas o jugo que eu Levo e que é a vida