Quase já não me lembro do que era acreditar. O conforto de chamar por Deus; de pedir ajuda sem a desilusão da Sua indiferença; de agradecer por algo que podia ter corrido pior; de reconhecidamente me obrigar a pagar pela recompensa do meu esforço; de voluntariamente me diminuir perante o nunca visto e jamais percepcionado; de entregar o controlo das minhas acções a um indistinto crer; de consolar as mágoas na esperança de um avatar que sei nunca chegar. Praticamente esqueci o calor das orações, o regozijo dos cânticos, o enlevo da hóstia colada ao céu da boca, a plenitude do jejum. Perdi para a bruma da memória os nomes dos santos, dos espíritos e das divindades. Como era bom cantar a Hanuman em tempos difíceis – Vitória à tua vibrante força –; que paz dava rezar a S. Cristóvão ao atravessar as negras florestas – Livrai-nos, S. Cristóvão, da morte súbita, imprevista, natural, desastrosa ou violenta –; que luz irradiava das grávidas ao queimarem incenso na base do altar de Taueret – Mãe