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A mostrar mensagens de abril, 2008

tu não és tu pois não? (os maus cristãos)

quem sou senão quem posso ser quem posso ser senão o que querem que eu seja que querem que eu seja senão o que todos são que todos são senão o que não são que não são senão o que queriam ser que queriam ser senão quem são quem são senão quem não são quem sou senão quem não sou q.e.d. quem é aquela de espinha torta que abaixa o olhar submisso mas lá fora é fria que corta divide fere e nem dá por isso quem é aquela tão bacoca que ampara o santo pão mas quando o leva à boca revela língua suave de vilão quem é aquela tão recatada que no olhar só traz candura mas no quarto acompanhada se profana vende e desfigura quem é aquele que é sorrisos dentes brancos e afectos mas que morde até aos sisos as costas e enche os rectos quem é aquele que é moral exemplo firme de rectidão mas que mente e diz mal de tudo e de todos podridão quem é aquela que trabalha passa as horas aqui metida mas as outras abrutalha levando a vida abscedida quem é aquele que tão bom faz da vida partilha capital mas que esc

Esqueci

Quase já não me lembro do que era acreditar. O conforto de chamar por Deus; de pedir ajuda sem a desilusão da Sua indiferença; de agradecer por algo que podia ter corrido pior; de reconhecidamente me obrigar a pagar pela recompensa do meu esforço; de voluntariamente me diminuir perante o nunca visto e jamais percepcionado; de entregar o controlo das minhas acções a um indistinto crer; de consolar as mágoas na esperança de um avatar que sei nunca chegar. Praticamente esqueci o calor das orações, o regozijo dos cânticos, o enlevo da hóstia colada ao céu da boca, a plenitude do jejum. Perdi para a bruma da memória os nomes dos santos, dos espíritos e das divindades. Como era bom cantar a Hanuman em tempos difíceis – Vitória à tua vibrante força –; que paz dava rezar a S. Cristóvão ao atravessar as negras florestas – Livrai-nos, S. Cristóvão, da morte súbita, imprevista, natural, desastrosa ou violenta –; que luz irradiava das grávidas ao queimarem incenso na base do altar de Taueret – Mãe