Princesas e sapos

Da história importa lembrar que a princesa beijou o sapo e este se transformou num lindo príncipe. É sabido que viveram felizes para sempre na imaginação de crianças pequenas e crescidas e que este par mágico é ainda hoje o almejo secreto de muita princesa desiludida que não encontrou o seu príncipe porque o sapo que encontrou e beijou assim se manteve, ou o príncipe que desejou e beijou se transformou num sapo; e que este par mágico é ainda hoje o almejo secreto de muito sapo que já perdeu a esperança de se tornar num príncipe por acção piedosa ou caridosa de qualquer princesa, que os tempos, ao passarem, baixam os padrões e esbatem os limites.

O que a história não nos diz é que a princesa beijou o sapo sabendo que ele era príncipe. E como este permaneceu sapo e príncipe e dono e senhor, a princesa entregou o seu corpo, para que o sapo dele cuidasse, mas não o seu espírito, nem os seus filhos que não os queria sapinhos. Buscou noutros, plebeus mas belos como ela, a progenitura para os seus filhos, assegurando ao sapo sadia e helénica prole. São assim as princesas, capazes de enlevar sapos e plebeus, construtoras de reinos, oleiras que moldam linhagens, rainhas por entre os homens e os sapos.

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