Uma cacofonia enche-me os ouvidos como água de uma piscina onde um sol abrasador me força a mergulhar e dela sou impedido de sair por um vento cortante. São vozes de mulheres e homens, de coisas que passam e cães que, de ladradores, ladram, estrepitosas umas, basais outras, ora em confronto ora em conluio; são vozes de si sobre si, raramente vozes de outros. Diz o tato, em voz de tato, que ‘…ela dite atim…’, e lamentavelmente levo a mão à boca para não a soltar, e tapo o nariz para não o fungar. Lamento o tato e o seu interlocutor feio, atrás de uns óculos lamentavelmente feios, e lamento não ser o tato, timples na tua timpliticade tátil de palato impedido e livre de ser, sem compromisso filosófico, nem censura intelectual. Desprezo-me por saber que os €49,50 da mistela em boião, ou pó, ou pasta solúvel não me permitirão emagrecer; censuro-me por perceber que a vizinha é má porque eu sou mau para ela; castigo-me emocionalmente por ter por certo que se aquele enganou os irmãos nas part