Perante a inevitabilidade da decisão tomada, aproximou-se da enorme lareira aberta. Atirou de um lanço metade do Brandy que tinha no copo para o fogo logo o consumir numa chama azul, sem rasto nem história. Olhava o fogo sem chama no olhar, mantinha o braço direito esticado na direção do fogo, palma aberta, voltada para baixo, sem experimentar o calor. Vivera seco toda a sua vida, seco de vontade, seco de afeto, seco de propósito. Cuidava no fogo um amigo que o secaria ao extremo, sancionando a sua decisão. Aproximou-se um pouco mais, resistindo ao fogo que o aquecia cada vez menos e, fixando o olhar no moirão de ferro ornado com duas cabeças de cão, percebeu que estas se moviam para o fixar. Será artimanha do ar quente? Será partida do Brandy ou a sua mente cansada que o fazem ver coisas que não existem? Ainda assim, os cães fitavam-no. Fixamente. Sem os rodeios de olhares cruzados por acaso. E dos seus olhos mortos escorria uma luz amarela; e das suas bocas assanhadas palpava um gost...
Comentários
O dia a dia de tanta gente!!
Beijo ;))